Leonardo, o garoto que tem em casa um parque de diversões completo

Nunca a Biblioteca Cidadã de Atalaia (a 52 quilômetros de Maringá) recebeu tantos visitantes quanto durante três dias da última semana, quando crianças chegavam em caravanas, jovens e adultos compareceram para conhecer a arte do garoto Leonardo Abreu Ferreira, um garoto que a maioria dos 4 mil habitantes da cidade não conheciam e os que conheciam o achavam esquisito por viver trancado no quarto.

Pela primeira vez Leonardo, de 16 anos, nascido e criado na cidade, criado somente pela mãe, a cuidadora de idosos Cleonice, mostrou o porquê passa tanto tempo isolado e a partir daí tornou-se celebridade em Atalaia. Durante três dias, além de revelar sua arte, ele falou, falou muito para explicar o que faz, como, porque e o que pretende fazer de agora em diante.

Quem compareceu à biblioteca encontrou sobre mesas um dos mais completos parques de diversão, com brinquedos como roda gigante, carrossel, minhocão, Barco Viking, Extreme, Kamikaze, Tropical Surf, Tagadito, Para Trooper, Enterprise e outros. O parque de Leonardo tinha ainda barracas de tiro ao alvo, barracas de lanche e banheiro químico, mas nada causaria surpresa se tudo não fosse miniaturas e construído com materiais reciclados, principalmente capas de caderno e laterais de caixas de sapato.

“Eu sempre gostei de parques, mas minha cidade é pequena e aqui não vem parque grande. Quando estive na Expoingá, em Maringá, com 11 anos, fiquei maravilhado e não conseguia parar de pensar naqueles aparelhos gigantes, cheios de luz e música”, contava Leonardo cada vez que a biblioteca estava lotada de visitantes. “Foi aí que pensei em fazer meu próprio parque”.Além de todos os aparelhos serem rigorosamente proporcionais, seguindo os projetos dos verdadeiros, todos eles funcionam, se iluminam e emitem sons semelhantes aos que se pode observar nos grandes parques de diversões presentes nas maiores exposições agropecuárias do Paraná.

O garoto conta que foi atrás de livros, revistas e, principalmente, internet à procura de informações sobre os brinquedos. “Comecei fazendo o Kamikaze, mas estava difícil completar e fui fazendo outros brinquedos”.

Ele demorou 5 anos e meio para terminar o sonhado Kamikaze, mas quando terminou já tinha construído roda gigante, Barco Viking, barracas de tiro ao alvo e várias outras miniaturas.

Depois de tudo pronto, o garoto lembrou-se que todo parque que se preza precisa de veículos para ser levado até as grandes feiras agropecuárias. Então construiu três carretas, cada uma de marca diferente, com carrocerias e baús próprios para o transporte de parque de diversões.Depois de tudo pronto, Leonardo viu que podia criar os mesmos movimentos dos brinquedos verdadeiros e foi estudar articulações, automação e outros itens da mecânica. Com motores retirados de carrinhos de controle remoto e de outros aparelhos, conseguiu dar movimento a quase tudo em seu parque.

Mas, o parque de Leonardo ainda não está completo. “Ainda quero fazer uma montanha russa e outros brinquedos que vi na Expoingá”. Depois que concluir seu parque, o garoto quer fazer uma miniatura da cidade de Atalaia. Mas, seu projeto inclui ainda realizar um curso de Desenho Mecânico no Senai de Maringá e, na sequência, o curso de Robótica em uma universidade.

A atração na biblioteca foi até o momento final da exposição, quando Leonardo Abreu Ferreira cumpriu todo ritual de final de uma grande exposição agropecuária. Parou o movimento de todos os aparelhos, desligou as luzes, desmontou peça por peça e as arrumou nas carretas.

Depois disto, o garoto que muita gente achava esquisito e agora se referem a ele como um gênio, voltou para seu quarto para dar continuidade à construção do parque de seus sonhos. Só que agora com a certeza de que, além de brinquedos perfeitos, seu parque tem público.

Fonte: O Diário de Maringá