Matéria extraída do UOL.com.br e escrita por BIA BONDUKI colunista do site;
Brasileiros na Disney: para nós, um sonho infanto-juvenil realizado; para os funcionários do parque, aparentemente, um pesadelo. É esse o tema da discussão que anda rolando no Reddit, com algumas pessoas que trabalham nos serviços dos parques e precisam conviver com nossos turbulentos turistas contando as histórias mais bizarras. De dificuldades de comunicação a implicância com trajes e cantorias nas filas dos brinquedos, tem de tudo – e qualquer pessoa que já fez essa viagem sabe dizer que, bem, não dá para discordar (mas calma, patriotas, os japoneses falaram a mesma coisa dos chineses e por aí a coisa foi).
Por coincidência, uma experiência de intercâmbio me fez ver de perto como é esse problema. Morei em Tampa, na Flórida, durante os anos de 1996 e 1997. Para quem não sabe, o Busch Gardens e o Adventure Island, parques que não fazem parte do complexo Disney, mas que pela proximidade com Orlando frequentemente entram no circuito, estão localizados lá. Lembro que um dos primeiros comentários da minha “família americana” ao chegar foi “Você não é como aqueles brasileiros folgados que a gente vê nos parques, né?”. Nem soube responder. Já tinha ido duas vezes a Orlando, uma com a família, outra com um grupo de cinco amigos, sem monitores, ou seja, não tinha vivido totalmente aquela zona que eles temiam. Eles também nos chamavam de “gente que segue a bandeirinha”.
Minha “irmã” e minha “prima” trabalhavam no Busch Gardens, além de alguns amigos de colégio, e não era raro elas me pedirem ajuda quando eu visitava o parque. “Fala ali praquele grupo parar de botar os braços pra fora do barquinho?”, “Manda todo mundo sentar de uma vez que o brinquedo vai andar”. Aí você olhava o grupo e ficava bodeado. A zona era real, e o fato da maioria não entender inglês complicava bastante. Lá ia eu pro microfone pedir pra cambada sossegar o facho. Era até engraçado, afinal eles ouviam a chamada em português, se entreolhavam com cara de espanto e, de fato, paravam com a bagunça. Se a bronca fosse em inglês, passava incólume.
Um dos comentários na discussão até sugere exatamente isso: se tantos brasileiros visitam o parque nesta época, por que não contratar mais funcionários que falam português? Até existem brasileiros trabalhando por lá, afinal a Flórida é quase uma filial do Brasil nos Estados Unidos, mas pelo jeito não há o suficiente para atender ao grande número. Cá entre nós, não seria tão eficiente quanto dar um pouco mais de educação aos nossos pequenos trogloditas, também? Só um pouquinho, não precisa transformar a diversão em fardo, prometo que não dói.
Brasileiros possuem uma péssima reputação nos parques da Disney
Reviewed by Redação PA
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terça-feira, julho 10, 2012
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